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Imagem da notícia: Dando forma às mudanças

Muitos pacientes pesquisam seus sintomas e pesquisam informações na Internet. Quando se autodiagnosticam, dores de cabeça comuns podem se tornar uma terrível enxaqueca – pelo menos de acordo com o Dr. Google. Considerando que, na realidade, a enxaqueca pode ser uma dor de cabeça por tensão induzida por bruxismo. Dr. Kenneth Lee, especialista da Universidade da Austrália Ocidental, que realizou estudos sobre este fenômeno, explica como esse comportamento pode ser potencialmente benéfico tanto para o paciente quanto para o profissional de saúde.

Dr. Lee, encontrar informações on-line é maléfico ou benéfico para o relacionamento entre médicos e seus pacientes?

Na minha opinião não é de modo algum malefício – embora eu imagine que os novos comportamentos de busca de informações desafiem os profissionais de saúde, quando um paciente discorda do diagnóstico profissional, por exemplo. Isso pode fazer com que alguns profissionais fiquem perplexos, uma vez que não são suficientemente ensinados a lidar com situações como essas na universidade. No entanto, esses novos comportamentos de busca também oferecem grandes oportunidades para a relação dos médicos com seus pacientes. Quanto mais aberta e honestamente ambas as partes abordam a questão, mais benéfico pode ser. Por exemplo, um paciente recebe um diagnóstico que mudará sua vida. Para lidar com isso, ele pesquisa a previsão da sua progressão e possíveis tratamentos para essa doença. O paciente encontra um medicamento recentemente autorizado e traz essas informações para a próxima consulta. Junto ao médico, eles descobrem que esse novo medicamento pode ajudar, mas mais informações são necessárias. O profissional de saúde entra em contato com o fabricante e desenvolve um plano de terapia para o paciente. Este é um exemplo dos benefícios do novo comportamento de busca de informações pelos pacientes.

O que mudou nos últimos anos? Como O Dr. Google mudou o comportamento nessa busca por informações?

No passado, os profissionais de saúde eram a principal fonte de informações para muitos pacientes. Fontes adicionais, se houve, vinham de parentes e amigos ou mídia impressa como jornais, livros e enciclopédias. Médicos tinham a prerrogativa de diagnosticar a doença oferecendo tratamento. Se os pacientes discordavam, eles mudavam de médico ou simplesmente não seguiam as recomendações. Nos casos mais raros, os pacientes conversavam ou perguntavam sobre diagnósticos alternativos ou uma opção de terapia adicional. A crescente abundância de informações relacionadas à saúde disponíveis on-line e sua crescente acessibilidade via dispositivos digitais tornou mais fácil para que muitos pacientes encontrem sozinhos informações de saúde. Em vez de esperar que os profissionais forneçam informação, hoje em dia os pacientes podem procurá-la sempre que desejarem. Alguns pacientes até compartilham seu conhecimento durante sua consulta e solicitam esclarecimentos.

Mas isso não é preocupante? Especialmente porque a internet não é muito confiável?

Pode ser preocupante se os pacientes forem mal informados e acabarem perdendo a confiança em seu médico – afinal, os profissionais de saúde querem oferecer aos seus pacientes o melhor tipo de atendimento e visam restaurar sua saúde. Mas esse é apenas um lado da questão. O mais importante é que a digitalização das informações oferece uma grande oportunidade para médicos e dentistas, que buscam estabelecer um relacionamentos mais forte com seus pacientes. Em minha pesquisa descobrimos que a maioria dos pacientes confiam nos conselhos dados pelos profissionais de saúde. Dessa forma é por isso que os médicos devem ter discussões abertas com seus pacientes sobre quais informações eles encontraram e assim ajudá-los a entender suas condições. Se um paciente sente que o profissional está interessado em suas informações, ele pode se sentir mais confortável em compartilhar suas preocupações.

Que tipo de informação os pacientes normalmente andam procurando e onde? Qual é a motivação para eles buscarem informações on-line?

Segundo minha pesquisa, a maioria dos pacientes iniciam sua pesquisar usando um mecanismo de pesquisa, em vez de ir para sites específicos. Os tipos de informação que procuram variam. Muitos procuram informações sobre suas condições médicas, incluindo maneiras de controlá-la, dietas e regimes de exercícios que podem ser opções úteis no tratamento. Alguns deles também procuram informações sobre medicamentos para descobrir seus possíveis efeitos colaterais. Da mesma forma, existem variações nas motivações dos pacientes para buscar informações on-line. Além de se informar sobre suas prováveis condições médicas, também querem se sentir preparados antes da sua consulta e para obter mais informações depois de consultar um profissional de saúde. Trata-se de tomar decisões informadas sobre a gestão de sua saúde. Em outros casos, os pacientes buscam suporte para lidar com um diagnóstico. Nesse ponto, entrar em contato e conectar-se com outras pessoas que têm a mesma condição é o objetivo principal. Existem também quem procura informações médicas como forma de entretenimento ou prazer. Por exemplo, alguns pacientes querem encontrar novidades porque estão interessados em tecnologia e saúde e querem aprender sobre novos desenvolvimentos. Portanto, os comportamentos de busca de informações dos pacientes são muito complexos.

Tendo tudo isso em mente, quais habilidades de ambas as partes, médico e paciente, deveriam desenvolver a fim de garantir um bom relacionamento e criar um ambiente confortável entre eles?

Por um lado, os profissionais de saúde devem orientar sobre sites confiáveis e de fácil de entendimento, para que possam informar os pacientes de forma segura. Associações profissionais às vezes oferecem materiais informativos. Os médicos podem também sugerir informações específicas a serem pesquisadas para que os pacientes não se sintam sobrecarregados com o volume de procura. Por outro lado, os pacientes também precisam ser capazes de poder restringir suas pesquisas. A internet oferece milhões de sites com informações relacionadas à saúde e vasculhar todos eles podem fazer uma pessoa se sentir como estivesse se sufocando ao invés de obter apoio. Quando as pessoas estão sobrecarregadas com informações, podem não entender corretamente ou podem prestar atenção em apenas certas partes dela. E claro, os pacientes precisam ser capazes de avaliar a qualidade e precisão das informações encontradas de maneira crítica. O resultado de tudo isso, no final das contas, são pacientes mais informados e independentes.

Como esses tipos de pacientes mudarão o trabalho diário de um médico?

Os profissionais de saúde demandarão mais tempo entendendo as preocupações dos pacientes e garantindo que eles sejam bem informados e capazes de tomar decisões, tornando-se contribuintes ativos na própria gestão de sua saúde – porque os pacientes esperam desempenhar um papel mais ativo. É por isso que a responsabilidade pela saúde de um paciente se tornará mais compartilhada igualmente entre o médico e o paciente. Ainda sobre a questão de tempo, um paciente informado pode significar que os profissionais terão mais tempo dispendido para o tratamento em si do que no processo de identificação. Assim, o cuidado passará de um processo focado no problema para um processo focado na solução. Essa mudança permitirá pacientes oferecerem a oportunidade de trabalhar em parceria com seus médicos.

Para concluir, como você acha que o relacionamento profissional-paciente será em 2050?

Acredito que, até 2050, a relação profissional-paciente será mais colaborativa e igualitária. Profissionais ainda serão os especialistas, mas os pacientes trabalharão com eles para garantir a melhor assistência médica possível. Os dispositivos digitais terão um papel importante: médicos e pacientes terão fácil acesso às informações sobre saúde e, o mais importante, com dados personalizados. Isso significa que os médicos terão que oferecer atendimento, soluções e consultas a individualizado para cada paciente.

DR KENNETH LEE

Professor sênior de farmácia Prática na Universidade de Austrália Ocidental. Ele pesquisa tópicos na interseção de comportamento da informação em saúde, educação e tecnologia.

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