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23 de fevereiro, 2024
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A evolução da Odontologia desde a adesão transformou o desenvolvimento tecnológico, materiais e técnicas utilizadas atualmente, como o das facetas diretas. Essa progressão, aliada à mudança de paradigma com a tese do ciclo restaurador, tem enfatizado cada vez mais a preservação das estruturas dentais naturais como condição essencial para evitar perdas dentárias precoces e garantir a longevidade dos tratamentos. Portanto, reavaliar tornou-se tão importante quanto restaurar, e ao restaurar, é crucial preservar. (1)
Por outro lado, a evolução cultural e a busca das pessoas por se encaixarem em seus contextos sociais trazem mudanças comportamentais e estéticas significativas. Nesse contexto, é fundamental que os profissionais sejam criteriosos, éticos e informem os riscos e benefícios do tratamento, buscando equilibrar os anseios estéticos dos pacientes com a preservação das estruturas dentais naturais. Assim sendo, as facetas diretas em resina composta destacam-se como uma opção interessante, pois são mais conservadoras, superando até mesmo as cerâmicas nesse aspecto. (2)
A escolha do material adequado para reabilitações estéticas duradouras ainda gera debates na prática clínica, pois existem diferentes abordagens e considerações a serem levadas em conta. Essas discussões levantam dúvidas sobre a melhor estratégia a ser adotada em cada caso, observando as dificuldades enfrentadas pelos pacientes, seja por questões financeiras, restrições de tempo de tratamento ou qualquer outra justificativa que possa influenciar a decisão.
No entanto, é importante compreender que não existe um material ideal ou uma técnica perfeita que se aplique a todos os casos. Cada material utilizado possui suas indicações e contra-indicações específicas, assim como apresenta vantagens e desvantagens que devem ser consideradas cuidadosamente ao optar por um determinado tratamento. É imprescindível realizar uma avaliação criteriosa do caso e refletir fatores como a expectativa do paciente, a viabilidade do tratamento em relação às suas necessidades e condições clínicas, além de avaliar os resultados a longo prazo.
Além disso, é crucial envolver o paciente nessa decisão, proporcionando-lhe informações claras e compreensíveis sobre as opções disponíveis, bem como os possíveis resultados e os cuidados necessários após o tratamento. O paciente deve ser educado sobre seu papel ativo no processo, desde o diagnóstico até a execução do tratamento, e principalmente na manutenção da saúde bucal a longo prazo. Dessa forma, ele poderá tomar decisões informadas e participar de forma colaborativa no planejamento e na execução do tratamento estético, resultando em uma maior satisfação e sucesso do procedimento.
As facetas diretas em resina composta são uma opção vantajosa, conhecidas por sua técnica mais rápida, eficaz e econômica. Essa abordagem dispensa a necessidade de terceirização da produção de peças protéticas em laboratório, assim como a realização de moldagens. (2, 3, 4)
Um estudo clínico retrospectivo avaliando a durabilidade das facetas diretas em resina composta demonstrou uma taxa de sucesso de 80% em um período de 3,5 anos. Observou-se também que as facetas em dentes não vitais apresentaram maior risco de falhas em comparação com aquelas em dentes vitais. Quanto ao tipo de resina utilizada, não houve diferença significativa na sobrevida, porém, resinas com partículas pequenas mostraram um desempenho estético superior (5).
O tempo, os hábitos e os desafios associados à cavidade bucal têm um custo elevado para tratamentos inadequados, resultando em problemas futuros e intervenções adicionais. É evidente que nenhum material substitui as estruturas dentais naturais, portanto, a preservação dessas estruturas deve ser o foco principal dos profissionais. No entanto, os materiais dentários evoluíram consideravelmente, permitindo resultados surpreendentes, especialmente quando os profissionais desenvolvem suas habilidades nesse campo. Este artigo tem como objetivo apresentar, por meio de um caso clínico, uma solução direta e eficaz para reparar problemas estéticos e funcionais do paciente, utilizando facetas diretas em resina composta.
Um paciente jovem, aproximadamente 33 anos, procurou atendimento devido à insatisfação com os desgastes excessivos em seus dentes, que eram considerados fora do comum para sua idade. Além disso, o paciente desejava melhorar a forma e a cor dos dentes. Durante o exame clínico, identificamos uma fratura coronal no pré-molar 25, que já havia passado por tratamento endodôntico.
A fratura estava localizada acima do nível ósseo, o que permitia o restabelecimento do dente por meio de tratamento protético. Solicitamos exames complementares, como radiografias panorâmicas e periapicais, e realizamos modelos iniciais para diagnóstico e planejamento do caso. Fotografias faciais e intra-orais também foram tiradas para auxiliar no processo (Fig. 1).
Com base nas informações coletadas, propusemos ao paciente o tratamento com a realização de 9 facetas diretas em resina composta, sem a necessidade de desgastar a estrutura dental existente. Verificamos essa possibilidade por meio dos modelos articulados e do enceramento diagnóstico. Além disso, recomendamos a colocação de um pino fibro-resinoso e uma coroa em cerâmica pura para o dente 25.
Autor: Pedro Alexandre
Selecionamos o sistema restaurador Charisma® Diamond (Kulzer) (Fig. 2) para abordar esse caso. No dia da primeira consulta restauradora, inicialmente, procedemos à seleção das cores de resina a serem utilizadas. Escolhemos cuidadosamente as cores que reproduzem a estrutura natural dos dentes e, adicionalmente, uma cor mais clara para alcançar o clareamento desejado (Fig. 3).
Em seguida, passamos ao isolamento do campo operatório, optando pelo isolamento absoluto, mesmo havendo a opção de utilizar o isolamento relativo na região anterior. Quanto ao sistema adesivo, optamos pelo GLUMA® Bond Universal (Kulzer) (Fig. 4), que é um adesivo de oitava geração, oferecendo um sistema Universal em um único frasco.
Uma vez realizado o isolamento absoluto, procedemos à limpeza dos dentes para remover placa e película adquirida, mesmo considerando que o paciente já havia passado por uma adequação na consulta anterior. Para essa finalidade, utilizamos pedra pomes e água com escova Robinson. Posteriormente, foi realizado o jateamento com óxido de alumínio 25μm e a aplicação do ácido fosfórico 35% GLUMA® Etch (Kulzer) (Fig. 5 e 6).
Nos conceitos atuais de estética dental, é consenso que a dominância dos dentes centrais é um dos pontos mais importantes e é desejável mantê-los o mais simétricos possível. Por essa razão, decidimos priorizar a execução dos dois elementos centrais, uma vez que o objetivo de alcançar a simetria adequada requer um tempo significativo na realização das restaurações da bateria anterior. Assim, após o preparo das superfícies dentais, começamos a construir os dentes centrais utilizando a guia palatina feita em Silicone de Condensação Optosil® e Xantopren® (Kulzer), seguindo o projeto de enceramento diagnóstico. A resina utilizada nessa etapa foi a Charisma® Diamond (Kulzer) na cor YO (Fig. 7).
Ao lidar com dentes desgastados, é fundamental ter cuidado meticuloso na restauração, a fim de equalizar os substratos e evitar diferenças chamativas na área dos desgastes. Nesse sentido, optamos por utilizar as resinas Charisma® Diamond (Kulzer) nas cores A2 e A3 (Fig. 8). Além disso, estrategicamente deixamos espaços nas áreas de caracterização incisal, onde aplicamos resina translúcida para criar um efeito opalescente incisal. Especificamente, empregamos a resina Charisma® Diamond (Kulzer) na cor AM, que possui a capacidade de conferir um efeito translúcido âmbar, gerando um impacto de contra-opalescência.
A fim de otimizar o processo, utilizamos a matriz Unica® anterior (Quinelato) para auxiliar no perfil de emergência e nos términos proximais, minimizando excessos de resina e favorecendo a obtenção de contatos mais apropriados (Fig. 10). Posteriormente, realizamos um incremento cuidadoso em toda a face vestibular, empregando a resina Charisma® Diamond (Kulzer) na cor OL, seguida por uma fina camada de YO. Concluída essa etapa, demos início aos procedimentos de acabamento, demarcando as arestas (Fig. 11) que delimitam as áreas planas, cruciais para a reflexão de luz, bem como as áreas de sombra, correspondentes às ameias vestibulares. Uma dica valiosa é utilizar grafite vermelho para marcar as arestas e um compasso de ponta seca para garantir a precisão das distâncias entre elas.
Durante a primeira consulta, que geralmente é longa e pode levar ao cansaço tanto do paciente quanto do profissional, foi decidido realizar as restaurações nos dentes 13 a 23, notando-se que a coroa do dente 25 ainda não foi confeccionada (Fig. 12 e 13). É importante que o paciente saia da primeira consulta com os dentes polidos, no entanto, devido à duração extensa dessa consulta, é recomendável deixar os acabamentos mais delicados para uma segunda visita. Observe o cuidado com o acabamento da resina e a textura da superfície, sendo ideal evitar texturas muito grosseiras para bloquear o acúmulo de placa, buscando uma aparência mais próxima do natural (Fig. 14).
Após a conclusão das facetas de resina composta, os procedimentos de moldagem para a coroa cerâmica do dente 25 puderam ser realizados, resultando em um resultado estético final rápido e natural (Fig. 15 e 16). Em casos como esse, é necessário confeccionar uma placa de acrílico rígida para garantir a proteção do tratamento (Fig. 17).
Com mais frequência, os pacientes estão em busca de maneiras de melhorar sua estética dental, e ter opções estéticas disponíveis permite que os profissionais atendam a um número maior de pacientes. É amplamente reconhecido que as resinas têm um grande potencial para restaurar ou melhorar a estética dental de forma conservadora, eficiente e duradoura, não sendo consideradas apenas uma segunda opção. Para alcançar resultados cada vez mais bem-sucedidos em seus tratamentos, os profissionais devem buscar aprimoramento técnico e capacitação, aproveitando os benefícios desse material e compreendendo suas limitações.